Embaixador Celso Amorim Denuncia Tentativas de Desestabilização do Brasil
O embaixador Celso Amorim, assessor especial para Assuntos Internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fez declarações contundentes sobre as estratégias da Casa Branca em relação ao Brasil e a outros governos progressistas na América Latina. Em entrevista ao programa Roda Vida, da TV Cultura, Amorim não hesitou em afirmar que existe uma tentativa explícita de desestabilização, descrita por ele como um “estado de quase guerra”. Essa situação, segundo o diplomata, visa subordinar a região à influência dos Estados Unidos, evocando a antiga Doutrina Monroe, que reafirma a América Latina como um “quintal” dos norte-americanos.
“Para negociar, é preciso que os dois queiram”, ressaltou Amorim, enfatizando que a postura atual do governo dos EUA sob a administração de Donald Trump não é de diplomacia, mas sim de apoio à extrema-direita mundial, visando a deslegitimação de governos progressistas. O embaixador argumentou que a estratégia americana de pressionar o Brasil, como no caso da exigência de aumentar as exportações de soja para a China, revela um clima de competição desleal, onde o poder se sobrepõe à liberdade comercial.
Amorim defendeu a diversificação das relações econômicas do Brasil, que não se limita ao bloco dos Brics, mas também envolve parcerias com a África, a União Europeia e países da Ásia. A descentralização das relações é vista como uma medida essencial para garantir a autonomia do Brasil frente a pressões externas e fortalecer a dignidade nacional.
Riscos e Implicações
Em sua análise, Amorim observou que o apoio inabalável de Washington a regimes extremos reforça a necessidade de os países da América do Sul buscarem seus próprios caminhos de desenvolvimento. “Estamos tentando recuperar a integração latino-americana, que esteve paralisada por anos, e o Consenso de Brasília, assinado por 11 países sul-americanos, é um passo nesse sentido”, explicou, aludindo à urgência de um compromisso regional.
O embaixador também falou sobre a iminente desdolarização e as implicações que isso traz para as economias locais. O uso crescente de moedas locais é, de acordo com ele, uma necessidade que deriva de uma realidade global em transformação, a qual não pode ser ignorada. “Isso não é apenas uma questão de escolha política; é uma adaptação a um novo cenário econômico mundial”, ressaltou.
A situação da integração latino-americana enfrenta desafios, principalmente devido à ascensão de governos de direita e à atrelagem de economias ao mercado norte-americano, como observou Amorim ao mencionar países como México e nações do Caribe. A defesa da integridade da dignidade nacional é um elemento central na visão do embaixador sobre o futuro das relações entre Brasil e Estados Unidos, confrontando narrativas de dependência que, segundo ele, permeiam a política interna.
Repercussões de suas palavras podem impactar não apenas as relações do Brasil com o hemisfério ocidental, mas também moldar a estratégia de inserção do país em um mundo cada vez mais multipolar.
Amorim diz que diversificar comércio é a nova independência do país
Fonte: Agencia Brasil.
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