Rio Tietê: Vulnerabilidade Persiste Apesar de Redução na Poluição
O Rio Tietê, um dos mais importantes rios de São Paulo, ainda enfrenta sérios problemas de poluição, mesmo após uma redução de 15,9% da extensão de sua mancha de poluição, que caiu de 207 quilômetros (km) em 2024 para 174 km em 2025. Essa redução, embora aparente, não esconde a realidade preocupante: a maior parte da água do Rio Tietê continua imprópria para usos diversos. Um estudo recente da Fundação SOS Mata Atlântica, intitulado “Observando o Tietê”, revelou que apenas um dos pontos monitorados na bacia apresenta água de qualidade boa. A maior parte dos pontos se enquadra nas categorias de qualidade regular, ruim ou péssima, refletindo a fragilidade da situação dos recursos hídricos da região.
A bacia do Tietê, que abrange 265 municípios e se estende por mais de 9 milhões de hectares, tem testemunhado uma deterioração consistente na qualidade da água desde 2022. Durante um período de recuperação que se estendeu até 2021, os níveis de poluição haviam diminuído, mas os eventos recentes de contaminação e a redução das chuvas exacerbam as condições de vulnerabilidade. Gustavo Veronesi, coordenador do projeto Observando os Rios na SOS Mata Atlântica, destaca que, apesar de algumas melhorias, o cenário geral permanece alarmante e demanda atenção urgente das autoridades e da sociedade.
O relatório analisa 55 pontos ao longo de 41 rios da bacia do Tietê, utilizando o Índice de Qualidade da Água (IQA). Este índice considera parâmetros físicos, químicos e biológicos e classifica a qualidade da água em cinco categorias que vão de “ótima” a “péssima”. Em 2025, apenas 1,8% dos pontos analisados apresentaram água considerada de boa qualidade, enquanto 9,1% foram classificados como péssimos. A perda expressiva de água de boa qualidade, especialmente entre Salesópolis e Barra Bonita, é motivo de grande preocupação; a boa qualidade restringiu-se a apenas 34 km dessa extensão.
O estudo também aponta que a gestão inadequada de resíduos sólidos, interrupções no tratamento de esgoto e a pressão de descargas irregulares têm agravado a situação da bacia. A combinação dos diferentes tipos de poluição e a degradação continuada em áreas urbanas reforçam a necessidade de um esforço contínuo e colaborativo entre os governos e a sociedade. Veronesi enfatiza que um verdadeiro progresso na qualidade da água do Tietê depende de ações estruturadas voltadas para despoluição e recuperação dos ecossistemas.
As obras de despoluição são vistas como uma peça-chave na busca pela recuperação da qualidade da água do Tietê. Veronesi alerta que um grande número de habitantes ainda vive sem acesso a serviços básicos de saneamento, o que agrava a situação e impede que a população se conecte adequadamente à rede de esgoto. Para um avanço real, o especialista defende a continuação das obras e um enfoque em ações que envolvam desde o tratamento de esgoto até o manejo adequado dos resíduos sólidos e a proteção de nascentes e áreas verdes.
Com relação aos aspectos legais, a classificação da água do Tietê varia conforme as regiões hidrográficas, e a manutenção das áreas de manancial nos padrões mais rigorosos é fundamental. No entanto, mesmo após muitos investimentos na recuperação dos rios da bacia, algumas áreas continuam apresentando qualidade péssima, levantando questionamentos sobre a eficácia das medidas implementadas. A avaliação aponta para uma necessidade urgente de revisão na estratégia de gestão e de enquadramento das águas.
Neste cenário complexo, o futuro do Rio Tietê permanece incerto, e o desafio de melhorar suas condições ambientais se torna cada vez mais premente. A situação atual exige uma resposta firme para mitigar a poluição e garantir um ambiente saudável para as futuras gerações.
Imagem: Agência Brasil
Rio Tietê continua vulnerável apesar de redução da mancha de poluição
Fonte: Agencia Brasil.
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