Petrobras Reavalia Estrategicamente o Mercado de Gás de Cozinha
A Petrobras anunciou, nesta sexta-feira (8), sua intenção de retornar ao mercado de venda direta de gás liquefeito de petróleo (GLP), mais conhecido como gás de cozinha. O movimento foi justificado pela presidente da estatal, Magda Chambriard, durante a apresentação do balanço do segundo semestre da empresa, onde destacou a alta margem de lucro que o produto tem proporcionado aos revendedores. “Por que vamos fechar essa porta? Deixa a porta aberta”, afirmou, referindo-se à decisão de desinvestir em setores como o etanol e a venda direta de GLP tomada na gestão anterior.
Segundo um estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), as distribuidoras de GLP experimentaram um crescimento de 188% em suas margens líquidas entre 2019 e 2023, em contraste com uma inflação de 48% no mesmo período. Essa margem líquida, que reflete os lucros obtidos após a venda do gás, saltou de R$ 285,22 por tonelada em 2019 para R$ 821,90 em 2023. “Estamos buscando expansão dos nossos mercados”, enfatizou Chambriard, destacando que a Petrobras não pretende se autolimitar e buscará alternativas que garantam um retorno financeiro favorável.
A estatal, que havia se retirado do segmento gasífero em 2020 através da venda da Liquigás, agora observa uma oportunidade significativa de reentrada. Naquela época, a privatização da Liquigás foi um passo estratégico para a redução da dívida da empresa, que buscava focar em suas atividades principais de exploração de petróleo e gás em águas profundas. O retorno ao mercado de GLP também se alinha a preocupações recentes do governo, controlador da empresa, sobre a alta dos preços do botijão de gás.
Durante a entrevista, Claudio Romeo Schlosser, diretor de Logística da Petrobras, acrescentou que já estão sendo mantidas negociações com grandes clientes, especialmente indústrias, em busca de oportunidades de venda direta. A empresa também inaugurou recentemente o Complexo de Energias Boaventura, que visa aumentar a oferta de gás no Brasil, reduzindo assim a dependência de importações.
Além disso, a Petrobras expressou interesse no setor de etanol, visto como um mercado estratégico em um contexto de transição energética. Angélica Laureano, nova diretora de Transição Energética e Sustentabilidade, reiterou a busca da companhia por parcerias para atuar nesse segmento, enfatizando a intenção de manter uma participação minoritária em futuras joint ventures.
Por fim, a Petrobras registrou um lucro líquido de R$ 26,7 bilhões no segundo trimestre de 2025, um resultado positivo em comparação ao ano anterior, e anunciou a distribuição de R$ 8,66 bilhões em dividendos. Dessa quantia, o governo federal deve receber cerca de 29% devido à sua participação acionária na empresa.
Petrobras: margem alta explica interesse na venda do gás de cozinha
Fonte: Agencia Brasil.
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