A extrema direita tem acusado o padre Kelder Brandão, pároco da Paróquia Santa Teresa de Calcutá e coordenador do Vicariato para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória, de “ativismo ideológico incompatível com a fé”. O sacerdote, alvo de um abaixo-assinado encabeçado pelo deputado estadual bolsonarista Lucas Polese (PL), vem recebendo apoio de colegas e políticos progressistas.
Polese anunciou que enviará o documento ao Vaticano com “milhares de assinaturas”, além de já ter denunciado o padre na Embaixada da Santa Sé em Brasília. O abaixo-assinado alega que “Kelder tem se utilizado do altar da Igreja para exercer militância política-partidária”, criticando sua defesa pública do ensino de “ideologia de gênero” nas escolas do Espírito Santo. O texto ainda menciona que essa postura contraria a doutrina da Igreja Católica.
Esse movimento ocorre após o padre publicar uma nota de repúdio contra uma lei estadual que restringe a participação de estudantes em atividades sobre gênero sem autorização dos pais. O documento linka também para registros de ações do padre em apoio a movimentos sociais, incluindo sua participação no Grito dos Excluídos.
Na última quarta-feira (22), o padre Vitor Noronha e Alexandre Lemos Jr. postaram um vídeo defendendo a atuação de Kelder. “O que padre Kelder faz não é ativismo ideológico, é viver o Evangelho e anunciar a justiça”, destacou Alexandre. Noronha observou que tentativas de investigar a doutrina do padre visam, na verdade, intimidar a ação pastoral.
A deputada Iriny Lopes (PT) também se manifestou a favor do padre, sem citar nomes, afirmando que “parlamentares de extrema direita frequentemente usam pessoas honestas como escada”. Ela enfatizou que a Igreja não deve fechar os olhos para violências sociais, como o machismo e feminicídios.
Políticos da extrema direita têm usado ataques diretos a padre Kelder, com acusações como as divulgadas pelo deputado Coronel Weliton (PRD) sobre um suposto “baile com armas e drogas” nas dependências da comunidade religiosa, o que foi contestado.
Consultado sobre o assunto, padre Kelder optou por não se pronunciar, afirmando que “a instituição é que deve fazê-lo”.

Fonte: Século Diário