Durante uma audiência pública na Assembleia Legislativa, a deputada estadual Iriny Lopes (PT) defendeu a suspensão imediata da doação do Hospital Pedro Fontes e do cemitério Padre Mathias à Prefeitura de Cariacica. O debate, promovido pelas comissões de Cultura e Direitos Humanos, focou no tombamento histórico da colônia de Pedro Fontes e nas possibilidades de preservação.
Segundo Iriny, a suspensão permitirá a concretização das propostas da audiência, especialmente após a municipalização dos equipamentos em 2023. O conselheiro estadual de Cultura, Tião Xará, destacou que a Lei Estadual 2.947/1974 exige consulta ao Conselho para transferência de bens tombados, o que não foi feito no envio do projeto à Assembleia. Leonardo Deptulski, membro do Fórum em Defesa da Antiga Colônia de Pedro Fontes, questionou a legalidade da doação, apontando que o tombamento do Pedro Fontes ainda é provisório, pendente desde 2008.
Segundo Deptulski, a falta de vigilância no Hospital Pedro Fontes levou à depredação do imóvel, enquanto a preservação do cemitério também está em risco. A capela e a estrutura do cemitério já haviam sido tombados por decreto municipal em 2021. Iriny Lopes também anunciou um requerimento para que a Secretaria Estadual de Saúde forneça os prontuários dos três hospitais asilares do Espírito Santo, incluindo o Pedro Fontes e o antigo Adauto Botelho.
Durante a audiência, o membro da Câmara de Patrimônio do Conselho Estadual de Cultura, Genildo Coelho, ressaltou que “a colônia de Pedro Fontes é um lugar de memórias que precisam ser preservadas”, enfatizando a necessidade de definição sobre como e com que recursos ocorrerá essa preservação.
A subsecretária estadual de Cultura, Carol Ruas, mencionou a complexidade do processo de tombamento e a demanda por equipe técnica para a delimitação do espaço. Ela avaliou que a Prefeitura de Cariacica tem projetos para restaurar a capela e o cemitério, mas detalhes não foram apresentados.
A vereadora Açucena (PT) de Cariacica pediu urgência no tombamento diante da deterioração atual do hospital e criticou a ausência do prefeito Euclério Sampaio (MDB), que não compareceu à audiência, nem se fez representar. O representante do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Heraldo Pereira, fez um apelo pela preservação da história, afirmando que “o Estado deve à nossa história o respeito que até agora não teve.”
No âmbito de preservação, Livia Poubel, advogada e voluntária do Morhan, solicitou ao Iphan o tombamento do Educandário Alzira Bley, destacando sua importância histórica.
As imagens apresentadas na audiência foram registradas por Lucas S. Costa.
Fonte: Século Diário

