Venezuela se prepara para eleições em meio a divisões na oposição e crises econômicas
A Venezuela se prepara para um momento crucial em sua história política, com as eleições para a Assembleia Nacional programadas para o próximo domingo (25). Cerca de 21 milhões de eleitores deverão escolher 285 deputados que exercerão mandato de 2026 a 2031. Além da Assembleia, os cidadãos também terão a oportunidade de votar para 24 governos e assembleias estaduais. Este pleito ocorre em um contexto delicado, sendo o primeiro desde a controversa eleição presidencial de 28 de julho de 2024, quando Nicolás Maduro foi reeleito sob acusações de fraude. Naquela ocasião, o tribunal superior do país confirmou sua vitória, mesmo sem a publicação detalhada dos dados da votação pelo Poder Eleitoral.
Nos dias que antecedem a votação, o governo anunciou a prisão de 38 indivíduos, entre eles 17 estrangeiros, supostamente envolvidos em uma tentativa de golpe de Estado, com Maduro responsabilizando ex-presidentes da Colômbia pela articulação de um plano terrorista. Essa situação se soma aos desafios enfrentados pelo país, que inclui uma economia em crise e o retorno de sanções econômicas ao petróleo venezuelano pelo governo dos Estados Unidos.
A oposição, entretanto, chega dividida, com figuras como María Corina Machado, que defende a abstenção, e Henrique Capriles, que apela ao voto como forma de contestar o chavismo. Machado, impedida de ser candidata, indicou Edmundo González para concorrer, enquanto Capriles luta para reduzir a hegemonia chavista, que domina cerca de 90% da Assembleia Nacional. As tensões internas estão visíveis, trazendo um dilema para os opositores de Maduro: participar de uma eleição que consideram ilegítima ou se abster em sinal de protesto.
A situação é complexa e cada candidato tem suas motivações e estratégias. O professor Rodolfo Magallanes, da Universidade Central da Venezuela, destaca que a campanha para as eleições não possui a mesma visibilidade da presidencial, e a desconfiança em relação à integridade do processo eleitoral pode impactar a participação da população. Em meio a essa incerteza, o Partido Comunista da Venezuela optou por não participar, citando a falta de garantias eleitorais mínimas.
Enquanto isso, Maduro, em um esforço para mobilizar seu eleitorado, exortou a população a votar, afirmando que essa nova vitória é fundamental para avançar na Revolução Bolivariana. Em suma, a Venezuela se aproxima de um pleito que pode acirrar ainda mais as tensões políticas e sociais dentro do país, em um cenário onde tanto o governo quanto a oposição se preparam para um combate eleitoral sem precedentes.
Fotografias:
- Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante cerimônia de posse em Caracas – Foto: Reuters/Leonardo Fernandez Viloria.
- María Corina Machado discursa durante protesto em Caracas – Foto: Maxwell Briceno/Reuters.
- Henrique Capriles já disputou a presidência contra o ex-presidente Hugo Chávez e contra Maduro – Foto: Cristina Moure/Divulgação do Governo de Miranda.
Com oposição rachada, Venezuela realiza eleição legislativa e regional
Fonte: Agencia Brasil.
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