A segunda edição do programa Já É, promovido pelo Fundo para Equidade Racial Baobá, visa romper barreiras e ampliar as oportunidades de acesso ao ensino superior para jovens estudantes negros em todo o Brasil. As inscrições estão abertas até o dia 6 de junho, e os candidatos podem se inscrever pelo site do Baobá para concorrer a uma das 30 bolsas de estudo no valor de R$ 700, que serão concedidas por um ano e cinco meses. Este projeto, criado para impulsionar o ingresso de alunos negros em instituições de ensino superior, incorpora novas diretrizes nesta edição, como a gestão da bolsa diretamente pelos estudantes e uma faixa etária ajustada de 20 a 25 anos, promovendo maior inclusão e autonomia. Além disso, o alcance do programa foi ampliado, permitindo a participação de jovens de todo o território nacional, com foco na valorização da diversidade e no suporte a grupos historicamente marginalizados.
Para além da ajuda financeira, os selecionados receberão preparação para vestibulares, apoio psicológico individualizado e mentorias coletivas e individuais.
Ampliar horizontes
A diretora de Programa do Fundo Baobá, Fernanda Lopes, enfatiza que o objetivo vai além do suporte econômico, buscando proporcionar acesso a informações e redes que possam enriquecer a formação dos alunos.
“Nossa intenção é ampliar horizontes de direitos e subsidiar a construção de novas competências e habilidades, alimentando os sonhos de jovens negros de diferentes realidades. A universidade não é um fim em si mesmo, mas um importante começo”, afirma a diretora em nota.
No primeiro ciclo do programa, o estudante de Administração Carlos Eduardo Cerqueira, 23, destaca que o apoio do Fundo Baobá foi determinante para seu ingresso na faculdade. “Participar da primeira edição do programa Já É foi uma grande oportunidade de crescimento pessoal e acadêmico. Hoje, estou estagiando na área financeira, aprendendo novos idiomas e buscando me especializar ainda mais”, relata o aluno da PUC-SP.
Prioridades
Nesta edição, especial atenção será dada a candidatos de áreas periféricas, rurais, pessoas com deficiência (PcD), quilombolas, ribeirinhas, egressos do sistema penitenciário, além de migrantes ou refugiados.
As regiões Norte e Nordeste do Brasil terão prioridade, com nove vagas garantidas cada uma, enquanto Centro-Oeste, Sudeste e Sul contarão com quatro vagas cada.
Desigualdade
Dados do último Censo da Educação Superior (2023), do Ministério da Educação (MEC) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), revelam um panorama preocupante das desigualdades educacionais no Brasil. Enquanto os 25% mais ricos têm, em média, 13,5 anos de estudo, os 25% mais pobres não passam de 10,5 anos. A discrepância se acentua entre brancos, com média de 12,4 anos, e pretos e pardos, com 11,4 anos. O programa Já É se apresenta como uma resposta a esses desafios, alinhando-se à Meta 8 do Plano Nacional de Educação (PNE), que busca igualar a escolaridade média entre negros e não negros.
*Estagiária sob supervisão de Marcelo Brandão
Iniciativa oferece bolsas para alunos negros acessarem ensino superior
Fonte: Agencia Brasil.
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