24 de dezembro de 2025
InternacionalBig techs se tornam aliadas do EUA em guerra, alerta sociólogo brasileiro

Big techs se tornam aliadas do EUA em guerra, alerta sociólogo brasileiro

Nomes da Tecnologia dos EUA Ganham Patente Militar em Iniciativa do Exército

Em junho deste ano, o Exército dos Estados Unidos anunciou a nomeação de executivos de grandes empresas de tecnologia, entre elas Meta, OpenAI e Palantir, para o cargo de tenente-coronel do recém-criado Destacamento 201, destinado a líderes na área de tecnologia. Segundo o Exército, “a posse deles é apenas o começo de uma missão maior para inspirar mais profissionais de tecnologia a servir sem abandonar suas carreiras”, ressaltando a importância do envolvimento da próxima geração com as Forças Armadas.

A revelação coincide com a publicação do livro do sociólogo brasileiro Sérgio Amadeu da Silveira, intitulado As Big Techs e a Guerra Total: o Complexo Militar-Industrial-Dataficado, onde o autor denuncia a colaboração entre as Forças Armadas dos EUA e gigantes da tecnologia, como Google, Amazon e Microsoft, na utilização de Inteligência Artificial (IA) para operações militares. Segundo Amadeu, a IA tem sido empregada de forma letal, especialmente em conflitos, como os ocorridos na Faixa de Gaza. “O primeiro grande laboratório do uso de IA para fixação de alvos militares foi a Faixa de Gaza”, afirma ele, ao explicar como os dados coletados por essas empresas podem ser manipulados para identificar alvos a partir de interações em redes sociais.

Nesse contexto, a infraestrutura digital do Brasil é um ponto de preocupação. Amadeu enfatiza a necessidade de o país investir em uma plataforma digital soberana, destacando que o uso de tecnologia estrangeira nos setores públicos pode expor dados sensíveis a riscos de segurança. O recente lançamento da “Nuvem Soberana” pelo Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, em parceria com o Serpro e a Dataprev, representa um passo em direção à autonomia digital, mas o sociólogo observa que ainda é insuficiente para enfrentar as políticas expansionistas dos EUA, relacionadas à vigilância e controle de dados.

Em entrevistas à Agência Brasil, Amadeu expõe várias facetas dessa discussão, explorando desde a influência das big techs em decisões militares até os impactos sobre a soberania digital brasileira. As preocupações incluem a dependência do Brasil em relação a essas empresas tecnológicas estrangeiras e a urgência de um investimento em uma infraestrutura digital própria, que garanta a segurança e a privacidade dos dados nacionais.

A seguir, seguem os principais trechos da entrevista com Sérgio Amadeu, que explicam a interseção entre tecnologia e operações militares, assim como as implicações para o Brasil.

Sociólogo Sérgio Amadeu da Silveira
São Paulo (SP), 06.09.2024 – Sociólogo e professor da UFABC Sérgio Amadeu da Silveira. Foto: TV PUC/Reprodução

Como as big techs estão envolvidas com o negócio da guerra?

“As big techs nasceram de atividades nas redes sociais e como mecanismos de busca, mas foram se tornando verdadeiros oligopólios, engolindo outras empresas e entrando também nos negócios da guerra. Apesar de afirmarem que são empresas neutras, elas foram articuladas por aquilo que se chama o complexo militar-industrial dos EUA.”

O que é esse complexo militar-industrial-dataficado?

“O termo complexo militar-industrial, popularizado pelo presidente dos EUA Dwight Eisenhower, explica a fusão das empresas com o Pentágono. No passado, empresas como a Lockheed eram meras fornecedoras de produtos. Com a IA e a coleta de dados em grande escala, as big techs agora estão integradas ao coração da estratégia de guerra americana.”

Qual a relação das big techs com a Faixa de Gaza?

“O primeiro grande laboratório do uso de IA para fixação de alvos militares foi a Faixa de Gaza. Os dados coletados das redes sociais podem ser utilizados para identificar alvos, resultando em ataques que podem até atingir civis, pois são criados a partir de padrões obtidos em dados subjacentes.”

Como funciona esse mapeamento da população civil para fins militares?

“A IA modula uma ‘máquina de alvos’, que possui acesso a dados de toda a população. As informações coletadas permitem que a IA identifique possíveis militantes a partir de rastros digitais, criando um padrão que pode resultar em ações militares.”

Quais políticas públicas o Brasil deveria desenvolver para alcançar a soberania digital?

“A soberania nacional não existe sem soberania tecnológica. O Brasil precisa construir uma infraestrutura digital própria que proteja dados essenciais e não permita que informações críticas fiquem nas mãos de empresas de fora.”

Essas declarações revelam as complexas relações entre tecnologia, guerra e segurança nacional, além das implicações diretas para a soberania digital brasileira. A discussão se torna ainda mais urgente frente a um cenário global permeado por desafios tecnológicos e estratégicos emergentes.

Big techs são parte da máquina de guerra dos EUA, alerta pesquisador

Fonte: Agencia Brasil.

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