Calor Extremo Pode Dobrar Mortes em 20 Anos na América Latina, Aponta Estudo
O calor intenso já representa cerca de 1 em cada 100 mortes na América Latina, segundo uma recente análise de cenários realizada em 326 cidades de países como Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, México, Panamá e Peru. O estudo, conduzido por uma rede de pesquisadores, sugere que esse número pode mais do que dobrar, chegando a até 2,06% das mortes, com o aumento das temperaturas devido às mudanças climáticas. O impacto mais acentuado deve ser sentido entre os idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade, que enfrentam condições desfavoráveis como a falta de ar-condicionado e espaços verdes adequados para suportar ondas de calor cada vez mais severas.
Os dados que embasam essa pesquisa foram obtidos através do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do DataSUS e do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O aumento da população acima de 65 anos nas próximas décadas é um fator crítico que agravará ainda mais a situação, uma vez que essa faixa etária é mais suscetível a complicações de saúde relacionadas a temperaturas extremas.
O professor Nelson Gouveia, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), um dos autores do estudo, ressalta que “as mortes são apenas a ponta do iceberg”. A pesquisa alerta que o calor extremo não só aumenta os óbitos, mas também eleva o risco de infartos, insuficiência cardíaca e agravamento de outras doenças crônicas, tornando urgente a necessidade de ações efetivas para proteger as populações mais vulneráveis.
As recomendações para mitigar esses riscos incluem a implementação de políticas de adaptação climática, a criação de sistemas de alerta precoce com comunicação acessível, a expansão de áreas verdes e a educação da população acerca dos perigos das altas temperaturas. O projeto que originou o estudo, denominado Mudanças Climáticas e Saúde Urbana na América Latina (Salurbal-Clima), é um esforço colaborativo entre instituições de nove países latino-americanos e dos Estados Unidos, com duração prevista até 2028.
O estudo completo está disponível na revista eletrônica Environment International e pode servir como base para políticas públicas voltadas à saúde e ao bem-estar dos cidadãos nas próximas décadas.
Mortes causadas pelo calor podem dobrar e afetar principalmente idosos
Fonte: Agencia Brasil.
Meio Ambiente