EUA Anunciam Tarifa de 50% contra o Brasil: Uma Manobra Política?
A recente decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto, gera preocupações significativas no cenário econômico e político. Analistas não hesitam em classificar essa medida como uma sanção econômica que busca atingir objetivos políticos, especialmente no contexto da rivalidade entre os blocos econômicos. O governo americano, sob a liderança de Donald Trump, tem posado como um defensor das grandes empresas de tecnologia, conhecidas como “big techs”, e tenta influenciar decisões internamente no Brasil, levantando questões sobre a legitimidade dessa ação. Com a economia brasileira apresentando um superávit comercial com os EUA em 2024, de US$ 7,4 bilhões, a justificativa apresentada por Trump parece não ter respaldo econômico convincente. Perdendo relevância nas trocas comerciais, o Brasil, segundo especialistas, se torna um alvo fácil para uma medida de pressão política enquanto a administração americana visa proteger seus interesses comerciais em um momento delicado nas relações internacionais.
O professor de economia da Unicamp, Pedro Linhares Rossi, declarou à Agência Brasil que a decisão de Trump carece de uma racionalidade comercial clara e está diretamente ligada a questões políticas. Para ele, a medida envolve ameaças a países como o Brasil, que estão se alinhando com os blocos de poder emergentes, como os Brics. Os dados oficiais mostram que o superávit norte-americano com o Brasil cresceu 31,9%, desafiando a afirmação de que o país configura um déficit comercial insustentável.
“Do ponto de vista comercial, não tem uma finalidade clara. O Brasil não é tão relevante para a economia americana, e isso representa apenas um arroubo político feito sob a premissa de chantagear um país”, afirmou Rossi. A tônica da crítica reforça a visão de que a aplicação da tarifa não se sustenta apenas na lógica econômica, mas serve para incitar divisões políticas dentro do Brasil, especialmente após a recente cúpula do Brics.
A professora de Relações Internacionais Camila Feix Vidal, da Universidade Federal de Santa Catarina, também apontou que a timing da decisão é alarmante. Para ela, enquanto outras justificativas podem haver para a tarifa aplicada a países como a Indonésia, a ação com relação ao Brasil é claramente política: “Enquanto a carta da Indonésia é justificada em termos desse suposto déficit comercial, na do Brasil, a justificativa mais plausível é o aspecto político”.
Sobre a posição do Brasil, os analistas sugerem que o país deve considerar utilizar a Lei de Reciprocidade para responder às tarifas, uma vez que usar medidas de retaliação baseadas em motivos políticos ou comerciais é considerado inaceitável. O professor Luiz Carlos Delorme Prado, da UFRJ, defende que “o Brasil não tem alternativa a não ser responder com os instrumentos que ele tem disponível”, refletindo a assimetria de poder nas relações bilaterais.
Os economistas ouvidos preveem ainda que essa manobra pode estimular o Brasil a diversificar suas parcerias comerciais, fortalecendo relações com países na Europa, Ásia, África e os próprios Brics — um movimento que potencialmente favorece a indústria local e promove o desenvolvimento econômico.
As repercussões dessa nova política comercial americana podem gerar um clima de tensão nas relações bilaterais, aumentando a importância de diplomacia eficaz e estratégias relevantes para mitigar os efeitos da tarifa de 50% anunciada.
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Fonte: Agencia Brasil.
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