Rendimento dos Trabalhadores por Aplicativos Cresce, mas Jornada de Trabalho Também Aumenta, Revela IBGE
Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que, no ano de 2024, os trabalhadores atuantes por meio de aplicativos registraram um rendimento médio mensal de R$ 2.996. Esse valor é 4,2% superior ao dos trabalhadores que não utilizam plataformas digitais, que obtiveram uma média de R$ 2.875. Entretanto, essa diferença de renda já foi mais acentuada: em 2022, os trabalhadores por aplicativos desfrutavam de uma renda 9,4% maior que seus colegas não plataformizados.
As informações estão contidas em um módulo especial referente aos trabalhadores que operam por meio de aplicativos, vinculado à Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. O levantamento foi divulgado nesta sexta-feira (17) e indica que, apesar da vantagem no rendimento, os trabalhadores que utilizam plataformas digitais enfrentam uma jornada de trabalho significativamente maior. Em 2024, a média de horas trabalhadas pelos “plataformizados” foi de 44,8 horas semanais, em comparação às 39,3 horas dos trabalhadores que não utilizam aplicativos.
Analisando mais detalhadamente, o estudo revelou que, por hora trabalhada, os plataformizados receberam R$ 15,4, o que é 8,3% inferior ao ganho horário de R$ 16,8 dos trabalhadores não plataformizados. Assim, fica evidente que aqueles que atuam em aplicativos precisam de uma carga maior de trabalho para superar a renda dos trabalhadores tradicionais.
Informalidade e Proteção Social
A pesquisa ainda trouxe à tona uma questão preocupante em relação à formalidade e à proteção previdenciária dos trabalhadores por aplicativos. Os dados mostram que 71,7% dos trabalhadores plataformizados estão em situações de informalidade, como empregados sem carteira assinada e autônomos sem Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Em contraste, a taxa de informalidade entre os não plataformizados é de 43,8%.
Em termos de contribuição para a previdência, apenas 25,7% dos motoristas de aplicativo possuem cobertura, enquanto entre os não plataformizados, essa proporção ultrapassa 56%. Essa disparidade coloca os trabalhadores que utilizam plataformas digitais em condição de vulnerabilidade em relação a benefícios sociais como aposentadoria e pensão.
Análise por Nível de Escolaridade
O IBGE também analisou a relação entre rendimentos e escolaridade dos trabalhadores. Os dados mostram que, entre os que têm escolaridade abaixo do nível superior, os plataformizados alcançam rendimentos superiores à média nacional. No entanto, entre aqueles com nível superior, os trabalhadores por aplicativos ganham, em média, 29,8% a menos do que seus colegas que não utilizam plataformas, o que levanta preocupações sobre a inserção desses profissionais no mercado de trabalho.
O analista responsável pelo estudo, Gustavo Fontes, comenta que essa realidade pode ser um indicativo de que pessoas com formação universitária estão buscando alternativas em aplicativos ao não encontrarem vagas compatíveis com suas qualificações. Fontes ilustra a situação mencionando que “tem pessoas formadas em engenharia que estão dirigindo por aplicativo”.
Motoristas e Motociclistas: Rendimentos e Jornadas
O estudo do IBGE também analisou especificamente motoristas e motociclistas que atuam através de aplicativos. Em 2024, 43,8% dos motoristas no Brasil trabalham por meio de plataformas, totalizando cerca de 824 mil pessoas. Esses profissionais têm um rendimento médio de R$ 2.766, superando em R$ 341 a renda de motoristas não plataformizados. Contudo, os motoristas de aplicativo têm uma carga horária média de 45,9 horas semanais, cinco horas a mais do que seus colegas que não utilizam plataformas.
Já os motociclistas, por sua vez, apresentam números semelhantes, com um rendimento médio mensal de R$ 2.119, o que é 28,2% superior ao que recebem os não plataformizados (R$ 1.653). As jornadas de trabalho para motociclistas plataformizados também estão acima da média, alcançando 45,2 horas semanais.
Reconhecimento do Vínculo Empregatício
Por fim, a discussão sobre a relação de emprego e os direitos dos trabalhadores que atuam por aplicativos continua a ser um tema controverso, com movimentos buscando o reconhecimento de vínculo empregatício para evitar a precarização das condições de trabalho. Essa questão já está sendo debatida no Supremo Tribunal Federal (STF), que retoma o julgamento em novembro.
Com informações do IBGE.
Trabalhador por aplicativo ganha mais, porém tem jornadas mais longas
Fonte: Agencia Brasil.
Economia