Guerra na Ucrânia: Denúncias de Tortura e Maus-tratos como Estratégia de Combate
A tortura tem sido utilizada sistematicamente na guerra entre Rússia e Ucrânia, segundo Alice Jill Edwards, relatora especial da ONU sobre Tortura e Tratamento Cruel, Desumano ou Degradante. Em entrevista exclusiva à Agência Brasil, Edwards, que visitou a Ucrânia após a invasão russa iniciada em fevereiro de 2022, revelou que a violência extrema inclui desde choques elétricos até ameaças de morte e violência sexual. A relatora defende que reparações para as vítimas de guerra devem ser parte integrante das negociações de paz.
Edwards, formada em direito e vinculada ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), baseado em Genebra, tem trabalhado ativamente no conflito. Durante sua estadia na Ucrânia, a representante da ONU coletou relatos de ex-prisioneiros e familiares, descrevendo formas de tortura que frequentemente envolviam cargas elétricas aplicadas em partes sensíveis do corpo e outros métodos brutais.
A estratégia de guerra, conforme descrito por Edwards, é clara: “Concluo que faz parte da estratégia de guerra russa – para extrair informações e inteligência, incutir medo e submissão nas populações ocupadas e punir aqueles que demonstram lealdade ou apoio à Ucrânia”. A representante da ONU ressaltou também a necessidade de investigar alegações similares contra as forças ucranianas sobre maus-tratos a prisioneiros russos.
A relatora comenta ainda sobre a dificuldade de acesso a regiões controladas pela Rússia, destacando maior abertura na Ucrânia, onde visitou um campo de prisioneiros de guerra em Lviv. Sobre o direito internacional, Edwards enfatiza a proibição absoluta da tortura, mesmo em tempos de guerra, de acordo com as Convenções de Genebra de 1949.
As recusa das embaixadas russa e ucraniana no Brasil em comentar as acusações reforça o silêncio diplomático frequentemente associado a esses relatos de guerra. Enquanto isso, ambos os países continuam a ser pressionados pela comunidade internacional para respeitar as leis humanitárias internacionais, mesmo em meio a um conflito prolongado e devastador.
[Crédito da imagem: Militar ucraniano na fronteira com a Rússia na região de Sumy. Foto por REUTERS/Gleb Garanich]
A relatora da ONU conclui reiterando a importância de justiça e reparações nas negociações de paz, lembrando que as violações devem ser processadas continuamente para garantir justiça aos afetados e evitar futuros conflitos.
Indicando uma guerra extensa e cheia de atrocidades, o conflito entre Rússia e Ucrânia não apenas representa uma disputa territorial, mas também um teste fundamental para as leis e normas internacionais que protegem os direitos humanos em tempos de guerra.
Relatora da ONU alerta para tortura em guerra entre Rússia e Ucrânia
Internacional