O governo britânico anunciou uma mudança significativa na sua política externa em relação ao Saara Ocidental, apoiando agora o plano de autonomia limitada proposto por Marrocos para a região. Esta decisão, revelada durante uma visita do ministro das Relações Exteriores David Lammy a Rabat, segue uma tendência recente de apoio semelhante de outros países ocidentais, como Estados Unidos, Alemanha e França.
A proposta marroquina, apresentada inicialmente em 2007, visa conceder uma autonomia interna ao Saara Ocidental sob soberania marroquina. O Reino Unido, que anteriormente defendia a realização de um referendo sob a égide da ONU – um processo estagnado desde 1991 devido a desacordos sobre critérios de eleitorado – agora considera a proposta de autonomia “a base mais confiável, viável e pragmática” para resolver a disputa que dura quase meio século.
Em declaração oficial, a diplomacia britânica expressou a urgência de se aproveitar o atual contexto para encontrar uma solução duradoura que beneficie os habitantes da região. A mudança de posição britânica também coincide com a divulgação de grandes investimentos em infraestrutura relacionados à Copa do Mundo de 2030, que terá Marrocos como um dos sedes junto à Espanha e Portugal, destacando um claro alinhamento econômico e político com Rabat.
A reação da Argélia, que apoia a Frente Polisário – grupo que luta pela independência total da região – foi de crítica. Segundo a chancelaria argelina, o plano de autonomia nunca foi devidamente negociado com o povo saarauí e não foi considerado sério pelos enviados da ONU ao longo dos anos. A frente argelina ressalta que o Reino Unido não reconhece a soberania marroquina sobre o Saara Ocidental, portanto, não endossa a ocupação considerada ilegal.
Com uma área aproximada de 266 mil quilômetros quadrados e uma população de cerca de 600 mil pessoas, o Saara Ocidental é marcado por uma guerra de baixa intensidade que desestabiliza a região do Magreb. A Frente Polisário, apoiada pela União Africana, mantém a acusação de que Marrocos opera a última colônia do continente africano, uma disputa que persiste desde o final da era colonial espanhola em 1973.
Conflito no Saara Ocidental — Arte/Dijor (crédito da imagem).
Este relato enfatiza a complexidade do conflito e a multiplicidade de interesses envolvidos, que vão desde as aspirações de independência dos saarauís até as dinâmicas geopolíticas globais que moldam as decisões de política externa das potências mundiais. As negociações continuam sob a mediação da ONU, buscando uma resolução pacífica e consensual para o longo conflito.
Reino Unido decide apoiar plano do Marrocos para Saara Ocidental
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