Embalagens Plásticas no Rio: Estudo Revela Impacto Econômico e Social para Catadores
Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (22) pelo Instituto de Direito Coletivo (IDC) e pela Universidade Federal Fluminense (UFF) aponta que a baixa reciclabilidade de embalagens plásticas no estado do Rio de Janeiro tem gerado sérias consequências econômicas e operacionais para cooperativas e associações de catadores. O estudo, realizado entre julho e dezembro de 2023, analisou 20 organizações dedicadas à reciclagem, sendo dez na capital e dez nas regiões sul, centro-sul e Costa Verde. Os pesquisadores destacam que, em média, os catadores perdem aproximadamente 16 horas por mês apenas na triagem de plásticos que não possuem valor comercial, o que representa cerca de 9,4% do tempo total trabalhado por eles mensalmente.
As dificuldades enfrentadas pelos catadores, que em sua maioria são mulheres (68,56%), estão amplamente ligadas à quantidade de rejeitos plásticos que, apesar de passíveis de reciclagem, acabam sendo descartados em aterros devido à falta de alternativa viável de mercado. De acordo com o estudo, esse cenário resulta em perdas financeiras significativas, variando entre R$ 1.179,03 e R$ 3.771,72 por mês apenas com materiais plásticos que poderiam ser comercializados. A pesquisa não apenas revela a precariedade das condições de trabalho desses profissionais, mas também sublinha a importância deles para o sistema de reciclagem brasileiro.
O estudo registrou que a composição dos resíduos analisados identificou que 28,19% eram plásticos, 26,16% papel, e 19,14% classificaram-se como rejeitos. A categoria de rejeitos é particularmente preocupante, uma vez que o sistema de gestão de resíduos sólidos, conforme definido pela Lei 12.305/2010, compreende materiais que não podem ser reaproveitados. Dos 533 itens auditados, 44,83% correspondem a plásticos, evidenciando a predominância de embalagens alimentícias, que representam a maioria dos rejeitos. De forma alarmante, 33,40% das embalagens analisadas não apresentavam códigos de identificação de reciclagem.
A pesquisa também expõe a concentração de responsabilidade entre grandes indústrias, onde seis empresas, como Mondelez International e Nestlé, estão entre as maiores geradoras de embalagens rejeitadas. Os dados reforçam a necessidade premente de investimentos em design circular e em alternativas mais sustentáveis de embalagens, além de um fortalecimento da logística reversa para garantir um retorno econômico aos catadores. Tatiana Bastos, presidente do IDC, destaca a urgência de uma mudança nas práticas empresariais e na aplicação da legislação ambiental, enfatizando que ações efetivas são necessárias para assegurar que as diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos sejam cumpridas em benefício da sociedade e do meio ambiente.
Além disso, o estudo ressalta a importância dos catadores não apenas como agentes de reciclagem, mas também como uma força de trabalho vital para a preservação ambiental. “A sociedade deve muito a esse serviço. Os catadores são essenciais para a sustentabilidade do meio ambiente e, para tanto, precisam ser remunerados adequadamente pelo serviço que prestam”, conclui Bastos.
Plásticos não recicláveis geram perdas e sobrecarga a catadores no Rio
Fonte: Agencia Brasil.
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