Petrobras pode liderar a transição energética no Brasil, afirmam estudos
Dois novos estudos lançados nesta terça-feira (16) reforçam a capacidade da Petrobras de reverter seu foco em combustíveis fósseis e se transformar em uma referência na transição energética do Brasil. Elaborados por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Observatório do Clima, os documentos analisam um momento crítico em que o país amplia sua produção de petróleo e gás, com o petróleo superando a soja como principal produto de exportação e representando 13% das vendas externas. Nesse cenário, especialistas apontam que o Brasil está vulnerável a uma “bolha de carbono”, o que pode resultar em ativos obsoletos caso a demanda global por combustíveis fósseis diminua drasticamente na próxima década.
O primeiro estudo, intitulado Questões-Chave e Alternativas para a Descarbonização do Portfólio de Investimentos da Petrobras, é assinado pelos economistas Carlos Eduardo Young e Helder Queiroz. Ele fundamenta o segundo documento, A Petrobras de que Precisamos, que conta com a participação de 30 organizações do Grupo de Trabalho em Energia do Observatório do Clima. Ambos os estudos defendem uma diversificação do portfólio da Petrobras, alinhando seus investimentos aos compromissos do Acordo de Paris e ao Plano Clima, que estipulam a neutralidade nas emissões de gases do efeito estufa até 2050.
Os pesquisadores alertam que a dependência das receitas provenientes do petróleo torna o Brasil suscetível a choques econômicos, considerando a natureza volátil e finita desse recurso. Young destaca que a Petrobras não deve ser vista apenas como um mecanismo para solucionar problemas macroeconômicos relacionados à fiscalidade do país. Complementando, Queiroz ressalta a necessidade de uma diversificação que vá além da extração de recursos não-renováveis.
Caminhos para a Transição
O estudo do Observatório do Clima apresenta um conjunto de diretrizes destinadas a facilitar a transformação da companhia. As recomendações incluem:
- Ampliar investimentos em pesquisa de biocombustíveis e hidrogênio de baixo carbono.
- Retomar operações em distribuição e terminais de recarga para o consumidor final.
- Priorizar energias de baixo carbono, como hidrogênio verde e biocombustíveis de nova geração.
- Alinhar o plano de negócios aos objetivos do Acordo de Paris e da Estratégia Nacional de Mitigação.
- Realocar investimentos de refinarias para o desenvolvimento de novos combustíveis.
A proposta ainda sugere o congelamento da expansão das atividades de extração de combustíveis fósseis em novas áreas, como a Foz do Amazonas, enquanto recomenda que a produção se concentre em campos já em operação, como os do pré-sal.
A coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo, enfatiza a importância de a Petrobras internalizar a questão climática de forma mais efetiva, destacando que seu plano de negócios pode beneficiar-se de uma abordagem mais ousada em relação à diversificação de atividades e ao investimento em energias limpas.
Investimentos e Resposta da Petrobras
Os estudos também levantam preocupações sobre os investimentos da Petrobras em energias de baixo carbono. De acordo com o plano de negócios da estatal para 2025-2029, são previstos US$ 111 bilhões, no entanto, apenas US$ 9,1 bilhões estão alocados para energias limpas. A Petrobras, em resposta, afirma que o valor destinado a projetos de baixo carbono é maior, totalizando US$ 16,3 bilhões, um aumento de 42% em relação ao plano anterior.
Os detalhes incluem um investimento de US$ 1 bilhão em pesquisa e desenvolvimento para tecnologias de baixo carbono, além de recursos destinados a bioprodutos e energias renováveis, totalizando estimados US$ 5,7 bilhões para energias eólicas e solares, além de US$ 4,3 bilhões para biorrefino.
Essa trajetória reflete um esforço da empresa em mitigar os impactos das emissões e contribuir mais efetivamente para o combate à crise climática, caminhando assim para um futuro que, mesmo dependendo do petróleo por um período, deve buscar alternativas menos impactantes para o meio ambiente.
Estudos apontam caminho para descarbonizar a Petrobras
Fonte: Agencia Brasil.
Meio Ambiente