Explorando as Ramificações Sociais e Ambientais da Inteligência Artificial
Na era digital, muitas vezes nos esquecemos dos verdadeiros custos humanos e ambientais escondidos atrás das tecnologias que utilizamos diariamente. A exposição “O mundo segundo a IA”, atualmente em cartaz em Paris e com previsão de chegar ao Brasil em novembro no Sesc Campinas, mergulha profundamente nessa discussão, revelando os bastidores da inteligência artificial (IA). A Agência Brasil teve a oportunidade de visitar a mostra na França, graças a um convite do Instituto Francês.
A instalação artística “Meta Office: Atrás das telas da Amazon Mechanical Turks” de Lauritz Bohne, Lea Scherer e Edward Zammit destaca a precarização laboral no Sul global, onde pessoas são pagas minimamente para associar imagens a palavras, treinando assim as IAs de grandes corporações. A obra expõe as condições de trabalho e a remuneração média, fazendo uso de fotografias impactantes desses ambientes de trabalho.
O curador-chefe, Antonio Somaini, ressalta a ironia das metáforas como ‘a nuvem’ utilizadas para descrever a tecnologia, contrastando-as com a realidade física e energética dos centros de dados. “O consumo de energia ligado à IA é de 3% do consumo mundial, um número que aumentará significativamente”, afirma.
Outra peça notável é “Anatomia de um sistema de IA”, de Kate Crawford e Vladan Joler, que desconstrói um dispositivo Amazon Echo para revelar o extenso e muitas vezes escondido trabalho humano e extrativo necessário para sua produção e eventual descarte.
A mostra também aborda a problemática dos viéses preconceituosos em sistemas de IA na obra “Faces do ImageNet” de Trevor Paglen, destacando como certos adjetivos e características são injustamente atribuídos a pessoas apenas pela sua aparência em fotos.
A exposição é parte da Temporada da França no Brasil, um evento que promove diálogo cultural e reflexão sobre temas urgentes como inclusão social, justiça territorial e crise climática. A temporada também inclui o Fórum Nosso Futuro – França-Brasil, Diálogos com a África, que se realizará em novembro em Salvador, com a participação de figuras importantes dos três continentes para discutir o futuro das cidades.
A temporada incita à ação com um forte enfoque na sustentabilidade e no impacto coletivo, mantendo o diálogo aberto sobre como podemos construir um futuro melhor através de escolhas mais conscientes e inovadoras.
As discussões giram em torno não só da IA, mas também da urgência climática e dos futuros possíveis, com a exposição “O Novo Anormal” chegando em outras cidades brasileiras como Rio de Janeiro, Brasília e Belém, adaptando a exposição “Urgência Climática” de Paris.
A Temporada França-Brasil é uma iniciativa robusta para reforçar laços culturais e discutir temas prementes da atualidade, demonstrando o poder da arte e do diálogo internacional em abordar e propor soluções para desafios globais.
[Créditos das fotos: Arnaud Robin/EPPDCSI/Divulgação]
Temporada França-Brasil provoca com obras sobre IA, clima e trabalho
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