Nova Nomenclatura para Dengue Aponta Potenciais Avanços na Prevenção e Tratamento da Doença
Uma colaboração internacional envolvendo o Instituto Butantan, a Fiocruz, a Universidade Yale e a Universidade Oxford, além de outras 20 instituições, culminou na criação de uma nova nomenclatura para as linhagens do vírus da dengue. Iniciada em setembro de 2024, essa nova classificação surge com o intuito de aperfeiçoar a vigilância genômica do vírus, tão fundamental para o controle e prevenção da doença.
Conforme publicado na revista científica PLOS Biology, o estudo intitulado “Uma nova nomenclatura de linhagem para auxiliar na vigilância genômica do vírus da dengue” apresenta uma proposta de identificação mais acurada das variantes do vírus, que inclui a divisão entre os quatro conhecidos sorotipos do dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3, DENV-4) e a adição de dois níveis hierárquicos para suas linhagens, sendo estes representados por letras para as linhagens maiores e números para as menores.
Alex Ranieri, bioinformata do CeVIVAS e do LCC do Instituto Butantan, enfatizou que a nova sistemática não requer aprovação formal da Organização Mundial da Saúde (OMS) devido ao seu desenvolvimento consensual, mas é esperada a adoção desse modelo por parte da OMS e outras redes de vigilância globalmente.
A pesquisa aponta a especificidade das linhagens, que pode ser limitada geograficamente. Como exemplificado no estudo, a linhagem DENV-2II_A foi identificada somente no hemisfério oriental. A detecção de tal linhagem em outras regiões poderia indicar um novo vetor de propagação, possibilitando respostas mais rápidas das autoridades sanitárias.
Ranieri também destacou a relevância do novo sistema para programas de imunização, visto que algumas mutações específicas nas linhagens podem impactar a eficácia das vacinas vigentes. O monitoramento contínuo dessas variantes poderá ajudar na reformulação de vacinas para responder de forma mais efetiva às variações do vírus.
Em 2024, a dengue continua sendo uma preocupante questão de saúde pública global, especialmente em regiões tropicais. Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) indicam mais de 13 milhões de casos reportados em países endêmicos. No Brasil, foram registrados, sozinhos, mais de 10,2 milhões de casos, destacando a urgência de avanços no combate à doença.
A introdução desta nova nomenclatura não apenas marca um avanço científico, mas também promete ser uma ferramenta vital na luta contínua contra a dengue, permitindo abordagens mais direcionadas e eficientes tanto na prevenção quanto no tratamento.
Pesquisa do Butantan padroniza nomenclatura de vírus da dengue
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