A Amazônia brasileira enfrenta sérios desafios climáticos: um estudo da Universidade de São Paulo indica que, entre 1985 e 2020, a temperatura da floresta aumentou 2 graus Celsius, enquanto o desmatamento reduziu as chuvas em 74,5%. Este fenômeno agrava os extremos climáticos na região.
O estudo da USP, que revisou três décadas e meia de dados climáticos e de desmatamento, aponta uma correlação direta entre a perda de vegetação e alterações climáticas no bioma. Os pesquisadores segmentaram a Amazônia em 29 blocos, cada um com 300 km de lado, permitindo uma análise detalhada das mudanças climáticas à escala local. Graças à precisão do mapeamento da rede MapBiomas, eles monitoraram impactos ambientais com detalhes de até 30 metros, identificando variações significativas nos padrões de precipitação e temperatura em diferentes áreas.
O professor Marco Franco, do Instituto de Astronomia da USP e principal autor do estudo, destacou a urgência de abordar as causas do desmatamento e da emissão de gases de efeito estufa para minimizar os efeitos adversos na região. Segundo os dados, cada década de desmatamento agrega aproximadamente 12 dias à temporada seca, além de elevar as temperaturas locais.
A análise mostrou também que, enquanto áreas com menos de 10% de supressão vegetal experienciam menores elevações de temperatura, atribuíveis majoritariamente a fatores externos como a industrialização do hemisfério norte, regiões como Santarém, no Pará, sofrem impactos mais diretos do desmatamento.
O estudo foi publicado na renomada revista Nature e recebeu amplo reconhecimento internacional. A equipe de pesquisa enfatiza que, sem controle efetivo do desmatamento, a tendência aponta para uma escalada de secas mais severas e um aumento ainda maior nas temperaturas durante as estações secas futuras.
Por fim, o professor Luiz Machado, co-autor do estudo, ressalta a importância de utilizar esses dados para dialogar com responsáveis políticos e ampliar a cooperação internacional na preservação ambiental. É imperativo alinhar esforços globais e nacionais para garantir a sustentabilidade da Amazônia e o bem-estar das gerações futuras. O artigo continua a ser uma referência para outros cientistas, que utilizam seus parâmetros para avaliar impactos mais específicos dentro do bioma.
Dados de MapBiomas indicam que a Amazônia perdeu 14% de sua vegetação nativa entre 1985 e 2023, o equivalente ao território da França. Mesmo com uma redução recente no ritmo de desmatamento, a região ainda enfrenta ameaças constantes de incêndios florestais e expansão agrícola.
Pesquisa mede impacto de mudanças do clima e desmatamento na Amazônia
Meio Ambiente