Mudança de Regime no Irã Não Se Consolida: Análise do General Agostinho Costa Sobre a Guerra de 12 Dias
A operação conjunta entre Estados Unidos e Israel, que visava uma rápida mudança de regime no Irã, não obteve os resultados esperados. Em vez da queda do governo iraniano em poucos dias, a resistência militar e a contraofensiva do Irã culminaram em um cessar-fogo, o que representou um revés para as potências envolvidas. Em uma entrevista exclusiva, o major-general português Agostinho Costa, especialista em segurança e geopolítica e ex-vice-presidente da Associação EuroDefese-Portugal, avaliou a situação diante dos desdobramentos do conflito. “Como o objetivo político principal de ‘mudança de regime’ não foi atingido, as potências militares perderam a guerra,” afirmou Costa, que destacou o planejamento meticuloso das operações desde setembro de 2024.
Segundo o general, a operação, denominada "Leão em Ascensão", foi mal calculada. Os Estados Unidos e Israel buscam desarticular o regime iraniano de maneira semelhante ao que ocorreu na Síria, mas o Irã se mostrou mais resiliente do que o esperado. “Os israelenses e os norte-americanos se convenceram de que poderiam paralisar o regime iraniano, mas falharam na execução e na previsão”, completou.
A análise de Costa revela uma complexa rede de ações que incluíam ataques a cientistas e militares iranianos, com a tentativa de instigar uma revolta popular. Entretanto, em um breve período, o Irã restabeleceu suas defesas aéreas e, dias após o início dos ataques, retaliou com mísseis balísticos que causaram danos significativos à infraestrutura israelense em cidades como Haifa e Tel-Aviv.


Retaliação Iraniana e Fortalecimento da Defesa
Costa destaca que a retaliação do Irã foi intensa e impactante, alegando que a defesa aérea israelense falhou em proteger adequadamente o país, o que provocou uma crise de confiança nas autoridades israelenses. “Cada míssil de defesa de Israel custa cerca de US$ 4 milhões, e quando a população começou a emigrar em massa devido ao medo e à insegurança, Israel percebeu a urgência em buscar uma trégua”, explicou o general.
A intervenção do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, tornou-se crucial para a mediação da paz. A trégua beneficiou ambas as partes, apesar de o Irã também ter sofrido impactos significativos com as ações militares. “Os ataques balísticos do Irã provocaram blackout comunicacional e danificaram elementos estratégicos em Israel, mostrando a fragilidade da segurança local”, lembrou Costa.
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A Conclusão de um Conflito
Ambos os lados saíram do conflito proclamando vitórias, mas Costa adverte que nem os objetivos de Washington e Tel Aviv foram atingidos, especialmente a desestabilização do regime iraniano. “Ao longo desta guerra, ficou claro que a mudança de regime estava atrelada ao controle das vastas reservas de gás e petróleo do Irã, e isso não aconteceu”, disse o especialista.
Além disso, a guerra de 12 dias evidenciou uma nova dinâmica no Oriente Médio, onde a tradicional impunidade de Israel foi contestada. O general conclui que o conflito reflete uma luta geoestratégica, com os blocos emergentes em ascensão, como os BRICS, desafiando a hegemonia dos Estados Unidos.
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Neste cenário complexo, a atuação conjunta de Israel e Estados Unidos e a resistência iraniana apenas reitera a importância do equilíbrio de poder na região, sendo um fator crítico para a segurança geopolítica global.
Fracasso em derrubar regime do Irã levou a cessar-fogo, diz general
Fonte: Agencia Brasil.
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