Intervenção dos EUA na Venezuela gera preocupação em toda a América Latina
A recente confirmação da ação da Agência Central de Inteligência (CIA) contra o governo de Nicolás Maduro na Venezuela, por parte do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, causou alvoroço entre especialistas em relações internacionais. Essas intervenções, segundo analistas, não apenas violam o direito internacional, como também estabelecem um perigoso precedente que pode resultar na justificativa de novas ações militares por parte de Washington em toda a América Latina. A avaliação de estudiosos e pesquisadores é de que essa interferência nos assuntos de um país vizinho ao Brasil pode desencadear uma série de consequências, incluindo o risco de uma guerra civil na Venezuela, um dos países detentores das maiores reservas de petróleo do mundo, e acirrar a instabilidade na região.
Na última quarta-feira (15), Trump revelou que autorizou a CIA a operar contra o governo venezuelano, alegando que o país “sente a pressão”. Contudo, especialistas contestam essa narrativa, ressaltando que o verdadeiro objetivo é o controle das vastas reservas petrolíferas do país e não a luta contra o narcotráfico, como defendido pela Casa Branca. O professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Goulart Menezes, destacou a gravidade dessa situação: “Não sabemos se os EUA vão parar na Venezuela. A apreensão do governo brasileiro é total, assim como a da Colômbia e de outros países. Existe um temor de que a Venezuela se transforme em um protetorado dos EUA”, afirmou.
Entre os especialistas, a professora Camila Vidal, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), reforçou que a intervenção não só é ilegal, mas também representa uma séria ameaça à soberania da Venezuela. “Estamos falando de uma ação de guerra na nossa fronteira. Agora a Venezuela, amanhã vai ser quem?” questionou. A preocupação se estende a possíveis consequências diretas para o Brasil, dado que os dois países compartilham uma extensa fronteira.
Rodolfo Queiroz Laterza, historiador e pesquisador em conflitos armados, alertou que a ação contra a Venezuela poderia abrir espaço para intervenções semelhantes em outros países latino-americanos que não se alinham aos interesses dos EUA. “Isso demonstra que todo e qualquer regime ou sistema de governo na América Latina pode ser objeto de estratégias de guerra híbrida”, advertiu.
Desde a ascensão dos chavistas ao poder em 1999, a relação entre Caracas e Washington tem sido tensa. Ao longo dos anos, os EUA impuseram sanções e embargos, alimentando um clima de desconfiança mútua. Hinges na história incluem o golpe de Estado que, em 2002, destituiu Hugo Chávez por dois dias e as sanções financeiras aplicadas a Maduro em 2017. Com a reeleição de Maduro em 2024, o cenário torna-se ainda mais delicado, com especialistas alertando para a possibilidade de uma escalada de conflitos que podem impactar toda a região.
Essa situação complexa reitera a importância de acompanhar de perto os desdobramentos nas relações geopolíticas entre os países da América Latina e os Estados Unidos, assim como as reações da comunidade internacional a intervenções consideradas ilegítimas pelo direito internacional.
Especialistas temem por interferência dos EUA na América Latina
Fonte: Agencia Brasil.
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