Projeto “Paisagens Alimentares” Revoluciona Comunidades Rurais do Semiárido Nordestino
Um divisor de águas. Essa é a definição de duas mulheres de comunidades em Sergipe e Alagoas sobre o projeto de pesquisa agroalimentar “Paisagens Alimentares”, coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Alimentos e Territórios Alagoas e financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Destinado a transformar a realidade de comunidades rurais no semiárido nordestino, o projeto tem promovido a valorização da cultura alimentar e o turismo sustentável de base comunitária em regiões que históricamente enfrentam desafios econômicos.
Anatália Costa Neto, conhecida como Nat, figura central em uma das histórias de sucesso do projeto, ingressou na comunidade de Terra Caída de Indiaroba, em Sergipe, aos 18 anos. Mãe de dez filhos, Nat iniciou sua jornada profissional aos 11, ajudando sua mãe na pesca de aratu e ostras. Com a implementação do “Paisagens Alimentares”, Nat, que já se dedicava ao artesanato local, viu novas oportunidades de gerar renda emergirem, especialmente por meio do desenvolvimento do turismo comunitário. Este mês, ela foi homenageada com o prêmio Mulher de Negócio na categoria Microempreendedora Individual, destacando seu inovador hambúrguer de carne de aratu.
“Aprendi a agregar valor ao meu produto, e agora consigo ter mais visibilidade e vendas”, relata Nat, referindo-se às capacitações realizadas pelos técnicos da Embrapa, que capacitaram-a em gestão de preços e marketing. Além do hambúrguer, Nat trouxe ao mercado outros produtos como biscoitos de capim-santo e geleias de mangas, demonstrando a força da inovação em conjunto com conhecimentos tradicionais.
O “Paisagens Alimentares” já impactou diretamente mais de 500 participantes e beneficiou uma população estimada de cinco mil pessoas na região. Ana Paula Ferreira, outra protagonista do projeto e coordenadora do assentamento Olho D’Água do Casado, em Alagoas, ressalta que a iniciativa gerou um senso de pertencimento e autonomia entre os agricultores locais. “Estamos mostrando ao mundo a riqueza da nossa agricultura familiar e a beleza do nosso cotidiano”, afirmou.
Além do incentivo à agricultura familiar, o projeto também visa a preservação ambiental, promovendo a educação e a conscientização sobre a biodiversidade da caatinga. As lideranças selecionadas são predominantemente femininas, refletindo o protagonismo das mulheres na condução das atividades comunitárias. Os avanços no projeto incluem o fortalecimento das associações locais e a implementação de práticas sustentáveis, visando não apenas a geração de renda, mas também a valorização cultural e social das comunidades.
O supervisor do setor de inovação e tecnologia da Embrapa, Aluísio Goulart Silva, destaca que a iniciativa surgiu em 2018, com a identificação de comunidades com potencial turístico e cultural nos estados de Sergipe, Alagoas e Pernambuco. A conexão entre ingredientes locais e cultura alimentar, aliada ao turismo de base comunitária, foi considerada uma estratégia eficaz para promover o desenvolvimento sustentável nas áreas abrangidas pelo projeto.
Imagens
- Pratos elaborados com produtos da agricultura familiar celebram a rica identidade alimentar da região. Foto: Elias Rodrigues/Embrapa
- Marisqueiras do Povoado Preguiça, em Indiaroba (SE), apresentam o aratu servido na folha de patioba. Foto: Renata Silva/Embrapa.
Este projeto destaca o valor da agricultura familiar, impulsionando o empoderamento local e contribuindo para a inovação econômica no semiárido nordestino.
Projeto da Embrapa apoia cultura alimentar em comunidades do Nordeste
Fonte: Agencia Brasil.
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