Mercado de Carbono Falha em Promover Transição Energética Necessária, Alerta Especialista da Unicamp
A eficácia do mercado de carbono em acelerar a transição para energias renováveis é insuficiente para evitar a catástrofe climática, segundo o professor Pedro Paulo Zahluth Bastos do Instituto de Economia da Unicamp. Em um artigo publicado pela “Phenomenal World”, o economista critica a estratégia, que foi desenvolvida ao longo dos últimos 30 anos sob a égide da Organização das Nações Unidas e ratificada na COP29, realizada em Baku, Azerbaijão. Bastos argumenta que essa abordagem “desviou mais a discussão do que promoveu soluções efetivas” ao enfrentar a crise climática.
Segundo ele, apesar dos defensores do mercado de carbono alegarem que o aumento nos custos de emissão de carbono—por meio de tributações ou associações voluntárias—conduziria as empresas a adotarem energias mais limpas, as evidências mostram o contrário. Evidências apontam a incapacidade de estabelecer um preço global unificado para o carbono, complicando a coordenação necessária para um sistema eficiente de redução das emissões globais.
Zahluth ressalta a dissonância entre as expectativas e a realidade econômica subjacente ao mercado de carbono, que não conseguiu manter o preço de emissão de carbono no nível determinado pelo Acordo de Paris. Ele adverte que sem uma infraestrutura substancial e acessível de tecnologias verdes e um planejamento estatal robusto, a transição energética permanecerá elusiva. “Os governos não podem confiar no mercado para resolver tudo,” afirma o especialista, sugerindo uma intervenção mais ativa no desenvolvimento de alternativas renováveis.
A rentabilidade comparativamente baixa das energias renováveis também figura como um impedimento, com retornos anuais oscilando entre 6% e 8%, enquanto os combustíveis fósseis, favorecidos por mercados oligopólicos protegidos pela OPEP, muitas vezes oferecem retornos acima de 10% e atrativos para investidores bancários privados. Além disso, a rentabilidade dos combustíveis fósseis garante maior segurança econômica para os investidores em comparação às alternativas renováveis, que enfrentam problemas de superprodução e baixos preços, exacerbados pela falta de coordenação nos investimentos.
Conteúdo com informações do professor Pedro Paulo Zahluth Bastos, da Unicamp. Publicado originalmente na revista “Phenomenal World”.
Economista critica transição energética via mercado de carbono
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