COP30: Desafios e Realidades da Ilha do Combu em Belém
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro em Belém, trará líderes mundiais para discutir o futuro dos ambientes urbanos e florestais do planeta diante dos desafios do aquecimento global. Destaque para a importância da Amazônia, que será o palco das negociações. Neste contexto, a Ilha do Combu, a 1,5 quilômetro do centro histórico da capital paraense, representa um microcosmo das questões enfrentadas na região. Com 65% do território da cidade composto por ilhas, a Ilha do Combu é um espaço em que os desafios de infraestrutura, especialmente água potável e saneamento, são preponderantes, refletindo as dificuldades da população local em um bioma vital para a saúde do planeta.
Morador há 49 anos na Ilha do Combu, o comerciante Rosivaldo de Oliveira Quaresma destaca que a busca por água mineral é uma rotina necessária para garantir a qualidade dos produtos oferecidos em seu restaurante. Ele explica que, embora a água do Rio Guamá seja utilizada para higiene e limpeza, esta não é potável. “Alguns turistas acham que usamos água do rio para fazer suco, mas temos que informá-los que nossa água é de tambores de 20 litros, o que se torna caro”, comenta. Em contraste com a área continental, onde a distribuição de água é feita pela rede que abastece a população, as ilhas dependem de sistemas de distribuição independentes, sem a infraestrutura adequada.
A população da Ilha do Combu, que abriga 596 famílias, enfrenta também problemas relacionados ao saneamento básico. A maioria das casas utiliza fossas sépticas, que se tornam insuficientes com o aumento do turismo. Ana Maria de Souza, professora aposentada que se adaptou para receber visitantes na ilha, é uma exceção, pois criou uma fossa ecológica que minimiza o impacto ambiental. O modelo, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), utiliza tecnologia de baixo custo e aproveita a vegetação local para filtrar os dejetos.
A natureza como protagonista também é um fator fundamental nas discussões políticas durante a COP30. Enquanto as obras para a conferência se concentram na parte continental de Belém, com a promessa de 30 intervenções, incluindo a macrodrenagem de 13 canais, ainda não há previsão para ações nas ilhas. A Ilha do Combu não apenas é uma área de proteção ambiental desde 1997, mas também um espaço crucial para compreender os desafios da preservação e do desenvolvimento sustentável em um mundo em mudança.
Hana Ghassan, presidente do comitê da COP30 no Pará, confirmou que as obras em andamento na área continental visam melhorar a infraestrutura de saneamento e drenagem, beneficiando até 900 mil pessoas. Os moradores, como Glaybson Ribeiro, veem as mudanças como uma evolução necessária, já que antes enfrentavam constantes alagamentos que afetavam suas casas e a qualidade de vida. “Antes era um sofrimento para a gente”, recorda ele, referindo-se às dificuldades enfrentadas em períodos de chuva.
Apesar dos avanços, os desafios persistem, e o futuro da Ilha do Combu e de seus moradores continua a depender de um planejamento ambiental sólido, que leve em consideração as necessidades da população e a preservação dos recursos naturais da Amazônia.
Fotos:
Belém (PA), Ilha do Combu faz parte da área insular de Belém, que representa 65% do território da capital paraense. Foto: Márcio Ferreira/Agência Pará.
Glaybson Ribeiro, morador de Belém, aprova as mudanças na infraestrutura da região. Foto: Fabíola Sinimbú/Agência Brasil.
COP30: população da Amazônia espera por água potável e saneamento
Fonte: Agencia Brasil.
Meio Ambiente