Financiamento climático deve ser multilateral, diz economista na Pré-COP30
Em recente encontro durante a Pré-COP30 em Brasília, o economista José Alexandre Scheinkman, que também compõe o conselho consultivo de finanças da presidência brasileira para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), destacou a relevância do multilateralismo para o enfrentamento dos desafios associados ao financiamento climático para países em desenvolvimento. Scheinkman, que é professor na Universidade de Columbia, sublinhou a importância da cooperação internacional e do engajamento conjunto neste tema.
Durante a pré-conferência, o economista ressaltou que plataformas como a COP fornecem um espaço vital para discutir e moldar as políticas de financiamento climático. “A COP é o caminho. É um ótimo lugar para ter ideias, criar e tentar propor ideias”, afirmou. No entanto, ele advertiu que o montante de US$ 1,3 trilhões atualmente em discussão nos fóruns multilaterais pode não refletir uma estimativa precisa, destacando a necessidade de definir etapas prévias antes de estabelecer cifras concretas.
Scheinkman propôs que se comece estabelecendo objetivos claros, como alcançar a neutralidade nas emissões de gases de efeito estufa (netzero), seguindo com a implementação de projetos de baixo custo devido à escassez de recursos. Ele também mencionou as iniciativas apoiadas pelo grupo de economistas da COP30, incluindo o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), Ecoinvest, e esforços para um mercado de carbono global.
O economista também discutiu a estratégia da União Europeia, que poderia servir de inspiração para um modelo global, onde nações mais desenvolvidas assumiriam maiores obrigações, apoiando financeiramente os países menos desenvolvidos.
No entanto, Scheinkman alertou sobre os desafios que tais modelos enfrentam, incluindo o cálculo de créditos de carbono e resistências ideológicas de países como os Estados Unidos. Ele argumenta que enquanto algumas nações podem se beneficiar de créditos por preservação de florestas naturais ou intervenções de baixo custo, a viabilidade de tais mercados de carbono ainda depende do interesse internacional.
Por fim, ele destacou a importância da flexibilidade em adaptações e inovações dentro dos processos de negociação internacional, mencionando que criar ideias é essencial, mas a factibilidade de implementá-las é um desafio para os negociadores.
Fotografia por Marcelo Camargo/Agência Brasil
Durante a entrevista, Scheinkman foi fotografado em contexto oficial (Brasília, DF, 14/10/2025), reforçando a seriedade e o comprometimento com as questões de financiamento climático.
“COP é o lugar para resolver financiamento climático”, diz economista
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