Mercosul Lança Apelo por Democracia e Direitos Humanos na Venezuela Durante Cúpula em Foz do Iguaçu
Na cúpula do Mercosul, realizada no último sábado (20) em Foz do Iguaçu (PR), parte dos países membros, liderados pela Argentina, publicou um comunicado ressaltando a necessidade de restaurar a democracia e garantir o respeito aos direitos humanos na Venezuela. Este documento, que não teve as assinaturas do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente uruguaio Yamandú Orsi, emerge em um contexto de crescente tensão entre os EUA e o governo de Nicolás Maduro, que está no poder desde 2013. O Palácio do Planalto sugeriu que a assinatura deste comunicado poderia ser interpretada como um apoio a uma possível intervenção militar dos Estados Unidos, algo que não interessa ao Brasil.
O comunicado focou na “profunda preocupação” dos líderes sobre a crise humanitária e social na Venezuela, país suspenso do Mercosul desde 2017. Assinado pelo presidente argentino Javier Milei, o paraguaio Santiago Peña e o panameño José Raúl Mulino, o documento reafirma o compromisso com a restauração da ordem democrática na Venezuela, sem abordar a presença militar americana na região, que tem sido uma preocupação crescente. Os EUA, sob a administração de Donald Trump, não reconhecem Maduro como o líder legítimo, enquanto o governo venezuelano vê as ações norte-americanas como uma tentativa de tomar controle das ricas reservas de petróleo do país.
As tensões geopolíticas foram acentuadas pela retórica do presidente argentino, que se referiu a Maduro como “narcoterrorista” e elogiou a pressão dos EUA sobre a Venezuela. Durante a cúpula, Lula expressou cautela, advogando por soluções diplomáticas ao invés de intervenções que, segundo ele, poderiam resultar em uma catástrofe humanitária. O presidente enfatizou, em seu discurso, que a presença militar de uma potência extrarregional na América do Sul desafia os limites do direito internacional, uma referência à crescente presença americana no Caribe e no entorno da Venezuela.
Além de reafirmarem o Protocolo de Ushuaia, que estabelece compromissos democráticos entre os membros do Mercosul, os líderes solicitaram também a libertação de presos políticos na Venezuela, sinalizando uma estratégia pacífica para lidar com a situação. O Brasil, ao adotar uma postura mais cautelosa, busca evitar qualquer ação que possa ser mal interpretada em um contexto geopolítico tão delicado.
No cenário atual, a postura do Brasil e as dinâmicas dentro do Mercosul refletem as complexidades das relações internacionais na América do Sul, especialmente em relação à Venezuela, que enfrenta uma das maiores crises humanitárias da sua história.
Brasil não assina comunicado sobre Venezuela liderado pela Argentina
Fonte: Agencia Brasil.
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