ANP Aprova Novos Blocos de Pré-Sal com Potencial Elevado de Exploração de Petróleo
Na última semana, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) anunciou a aprovação de estudos geoeconômicos que indicam a existência de três novos blocos exploratórios de petróleo e gás na Bacia de Campos, no litoral do Sudeste do Brasil. Denominados Calcita, Dolomita e Azurita, esses blocos abrangem uma área total de 6,2 mil quilômetros quadrados e possuem um alto potencial de desenvolvimento, representando uma significativa oportunidade para fortalecer a produção nacional, que atualmente é dominada por campos de pré-sal que correspondem a 79,8% da produção total de petróleo e gás do país. Os estudos que suportam esta avaliação são parte do Projeto Calcita da ANP, um órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia (MME).
Após a conclusão dos estudos, as coordenadas geográficas dos blocos serão submetidas ao MME, que é responsável por divulgar essas informações e propor a inclusão das áreas no regime de partilha ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Este conselho, que assessora a Presidência da República, reúne representantes de diversos ministérios e é fundamental para a licitação das áreas de exploração de petróleo na iniciativa privada. O regime de partilha, criado após a descoberta do pré-sal, garante que uma parte da produção seja destinada à União, reforçando os interesses do Estado na exploração de suas riquezas naturais.
Contudo, a inclusão dos novos blocos em leilões está sujeita à manifestação conjunta do MME e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). A ANP ressalta que, mesmo se os blocos forem leiloados e arrematados por empresas, não há garantias de que se transformarão em campos produtores de petróleo; essa decisão dependerá de estudos adicionais a serem realizados pelas companhias. Também não é possível prever quanto tempo levaria para que poços começassem a operar.
Implicações e Desafios no Setor de Petróleo
A exploração de novos campos levanta questões importantes sobre a condução da política energética brasileira. O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) destacou que, mesmo após quase duas décadas desde a descoberta do pré-sal, a região continua revelando um potencial energético fundamental para o Brasil. Entre 2015 e 2024, 29 dos 36 poços exploratórios perfurados no pré-sal resultaram em notificações de descoberta.
O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, reforçou a importância de assegurar à Petrobras o direito de preferência na exploração dessas novas áreas. Ele criticou o Projeto de Lei 3.178/2019, atualmente em tramitação no Senado, que visa retirar esse direito da estatal, o que, segundo ele, representaria um “grave prejuízo estratégico e econômico” para o país.
Este PL já recebeu aprovação da Comissão de Infraestrutura do Senado e agora segue para a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Entre as mudanças propostas está a revogação do artigo da Lei 12.351, de 2010, que garante à Petrobras 30% de participação nos consórcios e a prerrogativa de operar os blocos licitados, mesmo sem a melhor oferta. Defensores do projeto argumentam que isso aumentaria a concorrência nas licitações.
Regime de Partilha Versus Concessão
A mudança no regime de exploração de petróleo no Brasil, que prioriza a partilha ao invés da concessão tradicional, é uma das principais consequências da descoberta do pré-sal, pois visa garantir que o Estado mantenha um controle maior sobre suas reservas. No regime de partilha, a produção excedente é dividida entre a empresa e a União, em contrapartida à concessão, onde a concessionária retém o direito total sobre a produção, arcando com o risco de investimento.
Além disso, a criação da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) foi uma estratégia para gerenciar a participação da União nas receitas provenientes da exploração do pré-sal, permitindo uma gestão mais efetiva dos recursos gerados por essa rica fonte de energia.
Para mais informações sobre as atualizações no setor de petróleo e gás no Brasil, você pode acompanhar as publicações da Agência Brasil.
Estudo da ANP sugere três novos blocos no pré-sal da Bacia de Campos
Fonte: Agencia Brasil.
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