STF impõe restrições a Jair Bolsonaro, mas governo aposta em diálogo com EUA sobre tarifas
Em uma movimentação que pode impactar o cenário político e econômico do Brasil, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o ex-presidente Jair Bolsonaro use tornozeleira eletrônica e impôs uma série de restrições ao seu acesso a redes sociais e contatos com embaixadas. Apesar desse novo cenário, o vice-presidente Geraldo Alckmin assegurou que a decisão do STF não deve comprometer as negociações do Brasil com os Estados Unidos a respeito do aumento das tarifas de importação, conhecido como “tarifaço”. Alckmin proferiu essas declarações em uma entrevista coletiva realizada após reuniões com representantes dos setores de mineração e energia, que serão particularmente afetados pelas medidas anunciadas pelo governo de Donald Trump.
O vice-presidente, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, enfatizou a separação dos Poderes no Brasil, afirmando que o Executivo não interferirá nas decisões do Judiciário. “A decisão de Moraes não pode e não deve afetar as negociações comerciais, porque a separação dos Poderes é a base do Estado, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos”, reiterou Alckmin. Ele acrescentou que a questão do ex-presidente é de competência exclusiva do Poder Judiciário e se absteve de fazer comentários adicionais sobre o assunto.
Nesta sexta-feira (18), Moraes restringiu os movimentos de Bolsonaro, estabelecendo que o ex-presidente deve permanecer em casa das 19h às 6h durante a semana e integralmente aos finais de semana e feriados. Qualquer descumprimento dessas ordens poderá resultar em prisão.
Alckmin também comentou sobre uma possível ação do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC), indicando que o governo prioriza negociações diretas e que recorrer à entidade seria uma medida de último caso. “Reforçamos a disposição do Brasil para a negociação”, afirmou, ressaltando que a OMC só seria acionada após a imposição concreta das tarifas, que estão ameaçadas de aumento para 50% a partir do dia 1º de agosto.
Como coordenador do comitê interministerial responsável por discutir o tarifaço, Alckmin se reuniu com empresários de vários setores, procurando fortalecer a argumentação do governo nas negociações com os Estados Unidos. Ele frisou que o enfoque deve ser na negociação, buscando transformar um cenário de perdas mútiplas em um ganho para ambos os países. Por fim, o vice-presidente reforçou a inegociável soberania brasileira e a união do setor privado em busca de soluções para a questão tarifária, sublinhando que o superávit comercial dos Estados Unidos no setor de mineração não justifica o aumento das tarifas.
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Alckmin: decisão de Moraes não deve comprometer negociações com EUA
Fonte: Agencia Brasil.
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