De Motosserra a Mãe Natureza: A Transformação de Charles na Ilha do Combu
Na Ilha do Combu, em Belém do Pará, uma verdadeira realeza vem surgindo entre os rituais ancestrais e a biodiversidade da Floresta Amazônica. Gerson Tadeu Teles, carinhosamente conhecido como Charles, é um ex-operador de motosserra que trocou a destruição por proteção, tornando-se um símbolo do turismo sustentável na região. Vestindo uma coroa feita de folhas do açaizeiro, Charles fundou o projeto Ygara Artesanal, que oferece aos visitantes experiências imersivas que incluem trilhas ecológicas, rituais tradicionais e banhos de cheiro com ervas medicinais.
O Ygara Artesanal não só atrai turistas como também movimenta a economia local. Em média, Charles recebe 50 pessoas por semana, cujos interesses vão além das trilhas, incluindo a compra de produtos regionais como artesanato e doces feitos com frutas nativas. “Eu cresci aqui, vendo o quanto a floresta nos dá e o quanto ela precisa ser respeitada”, explica Charles. “Quando comecei a receber visitantes, entendi que poderia gerar renda sem destruir, mostrando para as pessoas a riqueza da natureza”.
Charles não enfrenta essa jornada sozinho. O projeto conta com parcerias valiosas, incluindo agências de viagem, a Cooperativa de Transporte do Combu e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). De acordo com o diretor-superintendente do Sebrae no Pará, Rubens Magno, iniciativas como a de Charles evidenciam a bioeconomia como uma alternativa viável de desenvolvimento para a Amazônia. “Fortalecer empreendedores locais é essencial para que a Amazônia cresça com base na sustentabilidade”, afirma Magno.
A Rota Combu, inaugurada recentemente com apoio do Sebrae e da Embratur, visa promover o turismo de base comunitária, valorizando a rica cultura ribeirinha e o ecoturismo. Iniciativas deste tipo têm o potencial de transformar não apenas a economia da região, mas a qualidade de vida de seus habitantes.
Entretanto, ainda existem desafios. Charles aponta a necessidade urgente de políticas públicas para melhorar os serviços básicos na ilha. A falta de saneamento adequado e a ausência de água potável são problemas enfrentados pela população local, que continua a viver sobre dificuldades enquanto tenta desenvolver um turismo sustentável. A coleta de lixo, por exemplo, é considerada insuficiente, e a comunidade luta para garantir uma melhor gestão dos resíduos.
Em um contexto onde as florestas são vistas como patrimônios a serem preservados, a trajetória de Charles e do Ygara Artesanal é um exemplo de como é possível unir conservação ambiental a uma alternativa econômica, refletindo uma nova perspectiva sobre o uso sustentável dos recursos naturais na Amazônia. A esperança é que, até a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), melhorias significativas possam ser implementadas, favorecendo a vida e o trabalho de todos os moradores da Ilha do Combu.
Turismo muda vida de morador da Ilha do Combu
Fonte: Agencia Brasil.
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