Em uma operação de busca e apreensão recente, a Polícia Federal descobriu um áudio no celular do ex-presidente Jair Bolsonaro, onde ele vincula a anistia de condenados em ações golpistas à negociação de tarifas impostas pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros. A gravação, obtida no mês passado, revela uma conversa entre Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia.
No áudio, Bolsonaro afirma: “Malafaia, o que eu mais tenho feito é conversar com pessoas mais acertadas no tocante que se não começar votando a anistia, não tem negociação sobre tarifas. Não adianta um ou outro governador querer ir para os Estados Unidos, para embaixada, tentar sensibilizar. Não vai conseguir. Da minha parte, é por aí”. Ele também expressa a sua relutância em se expor publicamente sobre as tarifas, indicando que preferiria manter discussões restritas até que a questão da anistia fosse resolvida: “Eu também não posso me expor, como você quer que eu me exponha, porque não resolve nada. Se eu der uma de machão, não resolve nada. Eu tenho meus contatos, não falo com ninguém. Resolveu a anistia, resolveu tudo. Não resolveu, já era”.
Além disso, Jair Bolsonaro e seu filho, Eduardo Bolsonaro, foram recentemente indiciados pela Polícia Federal por coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. As investigações apontam que Eduardo teria atuado junto ao governo de Donald Trump para promover medidas retaliatórias contra o governo brasileiro e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), particularmente contra o ministro Alexandre de Moraes, que atualmente enfrenta sanções financeiras sob a Lei Magnitsky, implementadas pelos EUA.
A situação tornou-se ainda mais complicada quando foi descoberto que, um dia antes de prestar depoimento em investigações relacionadas, Bolsonaro transferiu R$ 2 milhões para sua esposa, a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro. Esta transferência, segundo a PF, não foi declarada pelo ex-presidente, que já havia confirmado publicamente ter repassado uma quantia semelhante para suportar a estadia de seu filho nos EUA.
Adicionalmente, uma busca e apreensão contra o pastor Silas Malafaia foi realizada, tendo seu celular confiscado no Aeroporto do Galeão, Rio de Janeiro. A ação foi ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, baseando-se em evidências da Procuradoria-Geral da República que indicam que Malafaia teria atuado como orientador e auxiliar das ações de coação promovidas por Bolsonaro e seu filho.
As tensões internacionais também foram acirradas com a revelação de que Bolsonaro havia redigido um rascunho de pedido de asilo ao presidente da Argentina, Javier Milei, encontrado em seu celular sem data ou assinatura, em um documento de 33 páginas salvo desde 2024.
O caso continua em aberto e mais desenvolvimentos são esperados enquanto a Agência Brasil segue tentando contato com a defesa de Bolsonaro, permanecendo aberta a outras manifestações sobre o caso.
“Resolveu anistia, resolveu tudo”, diz Bolsonaro sobre tarifaço
Economia